quinta-feira, 2 de outubro de 2008

ERGONOMIA – DEFINIÇÕES

"Definição Oficial:

"A ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem e seus meios, métodos e espaço de trabalho. Seu objetivo é elaborar, mediante a contribuição de diversas disciplinas científicas que a compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma perspectiva de aplicação, deve resultar numa melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos e dos ambientes de trabalho e de vida" (Congresso Internacional de Ergonomia, 1969).
"Ergonomia (ou human factors) é a disciplina científica que trata de entender as interações em humanos e outros elementos de um sistema; é a profissão que aplica teoria, princípios, dados e métodos para projetar de modo a otimizar o bem-estar humano e a performance total do sistema". (Conselho Executivo da IEA, 2000).


Os autores americanos:


"Minha definição é que: Ergonomia ou "human factors" é um corpo de conhecimentos sobre as habilidades humanas, limitações humanas e outras características humanas que são relevantes para o design.

"Eu defino o que fazemos desta maneira: design ergonômico ou "human factors engineering" é a aplicação da informação ergonômica ao design de ferramentas, máquinas, sistemas, tarefas, trabalhos e ambientes para o uso humano seguro, confortável e efetivo.
"A palavra significante nestas definições é design, porque ela nos separa de disciplinas puramente acadêmicas como antropologia, fisiologia e psicologia. Nós estudamos as pessoas, mas nós as estudamos não por querer meramente adicionar à nossa coleção de informações básicas. Nós estudamos as pessoas em circunstâncias especiais por que nosso objetivo é aplicar o que sabemos ou o que descobrimos ao design de coisas práticas - de coisas que temos que fazer ou temos que usar por causa de nossas ocupações, ou coisas que queremos fazer ou queremos usar por causa de nossas inclinações." (Chapanis, 1995).


"Um modo de definir, ou de outra maneira entender a natureza de qualquer campo da ciência e da prática é percebendo a natureza da sua tecnologia. Eu propus que a única tecnologia da ergonomia é a tecnologia da interface humano-sistema. A ergonomia como ciência trata de desenvolver conhecimentos sobre as capacidades, limites e outras características do desempenho humano, a medida que elas se relacionam com o projeto de interfaces, entre pessoas e outros componentes do sistema. Como prática, a ergonomia compreende a aplicação da tecnologia da interface humano-sistema ao projeto ou modificações do sistema para aumentar a segurança, conforto e eficiência do sistema e da qualidade de vida.

(...) "No momento, esta tecnologia possui pelo menos quatro componentes principais identificáveis, que do mais antigo ao mais recente, são os seguintes: tecnologia da interface humano-máquina ou ergonomia de "hardware"; (...) tecnologia da interface humano-ambiente ou ergonomia ambiental; (...) tecnologia da interface humano-sistema ou ergonomia de "software"; (...) e tecnologia da interface organização-máquina ou macroergonomia."(Hendrick, 1993)."A Ergonomia, também conhecida como human factors (fatores humanos - Estados Unidos, Canadá, México), é uma disciplina científica que trata da interação entre os homens e a tecnologia. A Ergonomia integra o conhecimento proveniente das ciências humanas para adaptar tarefas, sistemas produtos e ambientes às habilidades e limitações físicas e mentais das Pessoas."(Karwowski, 1996).

"O aspecto singular que particulariza a Ergonomia - e que faz dela uma disciplina específica - é a interseção do domínio comportamental com a tecnologia física, principalmente o design de equipamentos. Eu sei de muitos especialistas em Ergonomia que a consideram como uma forma de psicologia, mas eu contesto esta assunção veementemente - ela deslegitima a Ergonomia. A psicologia não trata da tecnologia, a engenharia não se interessa pelo comportamento humano, a não ser quando a Ergonomia exige. O foco principal da Ergonomia é o desenvolvimento de sistemas, que é a tradução dos princípios comportamentais para o design de sistemas físicos." (Meister, 1996).


Os autores ingleses:


"Pode-se definir Ergonomia como o estudo das habilidades e características humanas que afetam o design de equipamentos, sistemas e trabalhos. Ela é uma atividade interdisciplinar com base na engenharia, psicologia, anatomia, fisiologia, e estudos organizacionais. Seu objetivo é melhorar a eficiência, a segurança e o bem-estar do operador". (Corllet & Clark, 1995).

"Para muitas pessoas a ergonomia é um conceito, uma idéia. É uma maneira de olhar o mundo, de pensar sobre as pessoas e como elas interagem com todos os aspectos do seu ambiente, seus equipamentos e sua situação de trabalho. A Ergonomia tem como foco central a proposição que desde que as pessoas habitaram este mundo muito antes das máquinas (na verdades, as pessoas inventaram as máquinas) e desde que desejamos que nossa interação com nosso ambiente seja, efetiva é fundamental que nós nos mantenhamos no total controle das operações do sistema no qual trabalhamos. Para garantir este resultado e para assegurar ótima interação, as "máquinas" e o ambiente de trabalho no qual elas operam devem ser projetados para se adaptar aos pensamentos, desejos e habilidades das pessoas". (Oborne, 1995).

"As pessoas definem ergonomia de diversas maneiras. Provavelmente o mais simples: Ergonomia é o estudo científico do trabalho humano.
"A palavra 'trabalho' pode ser usada em sentido amplo e restrito. No sentido estrito ela se refere às coisas que fazemos para ganhos econômicos - ou seja, para ganhar a vida. (...) Mas, em sentido, amplo 'trabalho' se refere a quase todas as espécies de atividades humanas, que envolvem um propósito ou esforço. (...) A ciência da Ergonomia lida com o trabalho no sentido amplo, embora o trabalho em sentido estrito tenha sido fundamental para o seu desenvolvimento.
"(...) O trabalho geralmente envolve o uso de máquinas ou ferramentas. (...) De algum modo faz mais sentido definir ergonomia em termos do seu papel no processo de design. Tende-se, assim, a refletir mais acuradamente o que os ergonomistas profissionais realmente fazem. A Ergonomia é a aplicação da informação científica relativa ao ser humano ao design de objetos, sistemas, e ambiente para uso humano. Quando um objeto é projetado para uso humano ele deve necessariamente ser usado com algum propósito. Este propósito pode (em sentido amplo) ser chamado trabalho. "Os dois enfoques da ergonomia podem ser sintetizados na seguinte frase, que é mais um "slogan do que uma definição: A Ergonomia é a ciência de adequar o trabalhos aos trabalhadores e os produtos aos usuários". Uma ação efetiva da ergonomia é aquela que otimiza: a eficiência no trabalho (performance, produtividade, etc,); saúde e segurança; conforto e usabilidade (fácil de usar)". (Pheasant, 1991).


"Ergonomia é atualmente um termo aceito em todo o mundo em relação a prática de aprender sobre as características humanas e, então, utilizar este entendimento para melhorar as interações das pessoas com as coisas que elas usam e com o ambiente no qual tal ocorre. Nos Estados Unidos, o termo equivalente foi "fatores humanos", mas ergonomistas em todos o mundo consideravam esta denominação como sinônimo de ergonomia e, mesmo nos Estados Unidos, sua sociedade profissional é agora conhecida como "Human Factors and Ergonomics Society". "Existem diferentes definições de Ergonomia, mas as diferenças relacionam-se mais com a determinação das fronteiras da ergonomia do que com discordâncias fundamentais de enfoque. (...) Uma definição relativamente compreensível é que ergonomia é aquele ramo da ciência e tecnologia que inclui o que é conhecido e teorizado sobre as características comportamentais e biológicas humanas que podem ser validamente aplicadas para especificação, design, avaliação, operação e manutenção de produtos e sistemas para aumentar a segurança, eficiência e uso satisfatório por indivíduos, grupos e organizações. Tal definição enfatiza a coleta de dados ou derivação (ciência) e aplicação (tecnologia), o input da ergonomia em relação a todos os aspectos do ciclo de vida de sistemas e a multiplicidade de objetivos que nós temos." (Wilson, 1995).


Os autores franceses:


"A Ergonomia é uma disciplina científica: seu objeto de estudo é o funcionamento do homem em atividade profissional. (...) A Ergonomia desenvolve pesquisas específicas, ela criou um conjunto de métodos, alguns emprestados de outras disciplinas, outros que lhe são próprios. A Ergonomia é uma disciplina técnica porque ela tem como objeto construir conhecimentos e organizá-los para aplicá-los à concepção dos meios de trabalho considerando os critérios de saúde, de desenvolvimento das capacidades dos trabalhadores e de produção. Esta aplicação destaca-se como uma arte, como a arte do engenheiro ou do médico, porque ele trata de colocar em jogo um conjunto de conhecimentos técnicos e práticos para produzir realizações particulares". (Laville, 1998).

"A definição de Ergonomia poderia ser simplesmente "ciência do trabalho". Uma ciência que não consideraria as fronteiras convencionais impostas pelas práticas da direção da empresa, às quais fazem eco os discursos dos especialistas. O engenheiro que concebe as máquinas, os organizadores que repartem as funções, o agente de organização e métodos que fixa os tempos e movimentos, o médico do trabalho preocupado com a higiene, o responsável pela segurança que só pensa em acidentes aqueles que tratam da qualidade preocupados com a fiabilidade humana, o diretor de pessoal que recruta e negocia as remunerações, os sindicalistas, que lutam contra os licenciamentos. Todos se ocupam do trabalho e do trabalhador, mas seus enfoques são parciais e talvez contraditórios: a segurança pode se opor à produtividade, uma organização muito restritiva pode impedir as iniciativas, e as qualificações contradizerem as competências...Uma ciência do trabalho digna deste nome deverá poder superar estas contradições". (de Montmollin, 1996).

"Esta é a razão por que também não propusemos uma definição normativa da ergonomia. Esta de fato não constitui um campo disciplinar homogêneo, estabelecido, onde os conteúdos e as fronteiras sejam objeto de um consenso majoritário (sabemos por exemplo: que as instituições universitárias francesas não reconhecem a ergonomia como uma disciplina). (...) Mas o território e as fronteiras não têm nada de definitivo. A ergonomia vive hoje uma crise de crescimento e se interroga sobre sua identidade. Até onde nós podemos ou devemos assumir o "mundo do trabalho".? (de Montmollin, 1997).

(...) "Esta a razão por que se prefere, aqui, Ergonomias (no plural). (...) Parece impossível definir a ergonomia no singular, como se faz com as disciplinas cuja historia determinou fronteiras maioritariamente reconhecidas, como a física, a psicologia ou a sociologia. O plural é, no entanto, modesto: pretende-se distinguir, na história, como nos conceitos e práticas, dois principais conjuntos de ergonomias, que se referem a dois grandes modelos, ou quadros teóricos gerais. O primeiro corresponde à ergonomia clássica, mundialmente majoritária, liderada pelos americanos e britânicos, que qualificaremos como centrado no componente humano dos sistemas homem-máquina. O segundo, antes isolado sobretudo, nos países francófonos (França, Bélgica, Quebec), mas que felizmente tende a se universalizar, que qualificaremos como a ergonomia centrada na atividade humana e, mais precisamente, atividade situada. Estas duas grandes correntes não estão em oposição (mesmo se talvez os ergonomistas que as representam estão...), mas se complementam. Esta dicotomia entre a duas principais famílias de ergonomias repousa sobre os quadros teóricos, os modelos e os métodos diferentes.
(...) Hoje, são sobretudo, mas não exclusivamente, as atividades ditas cognitivas que são estudadas (a ergonomia cognitiva se constitui assim como uma certa autonomia). Quer dizer, para ser rápido, as atividades onde o essencial é constituído pela compreensão, pelo operador, de situações às quais ele dá uma significação. As situações que comportam quase sempre uma dimensão coletiva". (de Montmollin, 1997).


"A Ergonomia é uma disciplina científica um pouco especial. Ela é constituída por várias disciplinas, mais exatamente por partes de disciplinas, que concorrem para o conhecimento científico de homem no trabalho, sobre os diversos aspectos fisiológicos, psicológicos, sociológicos e médicos do trabalho humano. Este conhecimento científico visa um objetivo prático que condiciona e justifica a própria existência da Ergonomia: a adaptação do trabalho ao homem. Não é suficiente estudar o trabalho humano para que o estudo possa ser qualificado de ergonômico. É necessário que o objetivo do estudo seja explicitamente a adaptação do trabalho às diversas características dos homens que trabalham numa determinada situação, ou seja o arranjo concreto de utensílios, de postos de trabalho e de sistemas homens-máquinas, do ambiente e da organização do trabalho, assim como de todas as mediações técnicas utilizadas. Sob este aspecto, a ergonomia é função de engenheiros e de técnicos tanto quanto de pesquisadores científicos. Ela trata diretamente do conteúdo e das condições de trabalho de todos os trabalhadores, seja qual for o trabalho, com predominância física ou intelectual". (Sperandio, 1988).

"A Ergonomia é o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados como o máximo de conforto, segurança e eficácia. A prática ergonômica é uma arte (como se diz da arte médica e da arte do engenheiro) que utiliza técnicas e se baseia em conhecimentos científicos". (Wisner, 1987).


Definição do LEUI: Laboratório de Ergonomia e Usabilidade de Interfaces em Sistemas Humano-Tecnologia – PUC – Rio


Concordando com Bunge (1969) não há porque considerar tecnologia como algo menos importante, Não é necessário afirmar que Ergonomia é uma ciência para valorizá-la. Segundo Moraes, a ergonomia é uma tecnologia projetual - ela visa não só o estudo mas, a mudança.
Como uma tecnologia substantiva, a ergonomia utiliza os resultados de pesquisas descritivas e experimentais de fisiologia, psicologia, biomecânica como bases empíricas para o design de máquinas, equipamentos, documentos, interfaces, software, ambientes, tarefas, organização do trabalho, programas instrucionais, seguros, confortáveis e fáceis de usar. Como uma teoria tecnológica operativa, a ação ergonômica objetiva resolver problemas na interface humano-tecnologia, usando métodos científicos da sociologia, da psicologia, da antropologia, da abordagem sistêmica e da própria ergonomia. Finalmente, deve-se enfatizar que a Ergonomia tem como foco principal O HUMANO, como um ser integral, o que significa recuperar o sentido antropológico do trabalho, produzindo conhecimento para desalienação do trabalho, para mudar e transformar o mundo".

"Human Factors sempre foi desafiadora, frustrante algumas vezes, gratificante em outros momentos, mas nunca insípida. Eu posso honestamente afirmar, como retrospecto, que eu tive uma vida plena - uma vida excitante - e que eu gostei de falar às pessoas sobre a ergonomia, educando estudantes e outros para continuar, quando eu tiver que sair, e lutando corpo a corpo com os problemas, tentando fazer nosso mundo material mais seguro, mais confortável, e fácil de enfrentar". (Chapanis)."


Fonte: http://wwwusers.rdc.puc-rio.br/leui/leui.html

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